Pressione enter para ver os resultados ou esc para cancelar.

A CET se rende ao óbvio

 

Quem trafega pela cidade deve estar surpreso com a quantidade de semáforos que estão no pisca-pisca amarelo faz tempo. A primeira vez poderia parecer que era só consequência da chuva forte ou de qualquer outra razão, como jogarem um copo d’água no poste, para o semáforo parar de funcionar e ligarem o pisca-pisca para chamar a atenção dos motoristas.

A segunda vez, no dia seguinte ou até dois dias depois, poderia continuar levando a erro. A CET ainda não tivera tempo para consertar aquele semáforo, então a luz continuava no amarelo piscante para chamar a atenção dos motoristas.

Mas passa uma semana. Duas semanas. E o semáforo continua no pisca-pisca amarelo. Surpreendentemente, o pisca-pisca não quebra. Pisca diuturnamente, sem se cansar, sem reclamar, na mesma toada, dia após dia, ao que parece indefinidamente.

Leia também: A CET não tem jeito

As razões para isso são inescrutáveis. Podem variar de A a Z, ou de Z a A, com a tranquilidade dos gigantes bem alimentados cantando para Júpiter no final das tardes.

Os cientistas ainda não atentaram para o fenômeno ou estão fazendo pesquisas secretas. O fato concreto é que ainda não saiu nenhum artigo na Revista Natureza analisando a novidade.

Importante salientar que a novidade não é o amarelo piscante. Isso é antigo como os semáforos de São Paulo não funcionarem. Inédito é o tempo que os semáforos estão piscando.

Leia também: Uma entrevista surrealista

Alguns estão na batida faz algumas semanas. Outros começam a piscar nas mais variadas horas do dia, cada um numa região da cidade, o que dificulta o acompanhamento científico do fenômeno.

Mas há uma corrente que diz que o que está acontecendo é apenas o óbvio. A CET entregou os pontos. Ela não dá conta dos semáforos.

Crônicas da Cidade vai ao ar de segunda a sexta na Rádio Eldorado às 5h55, 9h30 e 20h.

Antonio Penteado Mendonça

Advogado, formado pela Faculdade de Direito Largo São Francisco, com pós-graduação na Alemanha e na Fundação Getulio Vargas (FGV). Provedor da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo (2017/2020), atual Irmão Mesário da Irmandade, ex-presidente e atual 1º secretário da Academia Paulista de Letras, professor da FIA-FEA e do GV-PEC, palestrante, assessor e consultor em seguros.