Pressione enter para ver os resultados ou esc para cancelar.

Semáforos, ora, os semáforos

São Paulo nunca se orgulhou muito deles, mas sempre teve um número bem alto de semáforos, mais ou menos modernos, além dos inteligentes, que sempre foram mais inteligentes que seus programadores, com tudo de dramático que isso trazia para o trânsito da cidade.

Com a pandemia, os semáforos, que já vinham claudicando pelas tabelas, caíram de vez, desmoronaram em todos os sentidos, mas principalmente no aspecto moral. Os semáforos paulistanos estão completamente desmoralizados, se sentindo traídos e em crise de depressão porque não percebem nenhum carinho, nenhum afeto por parte da CET.

É como se eles não existissem e o resultado é que, na prática, eles deixaram de cumprir seu papel, deixaram de ser respeitados faz tempo. Tanto faz a cor, quando funcionam, porque invariavelmente estão desligados ou embandeirados, boa parte de quem deveria obedecê-los simplesmente faz que não é com ela e toca em frente, pouco se lixando para o semáforo daquela esquina.

E também não liga para o semáforo da esquina seguinte, nem da outra, numa prova de absoluto descaso, gerado pelo abandono dos semáforos por quem deveria se encarregar de cuidar deles.

Diz a lenda que o que veio antes é mais velho. O fato é que os semáforos vieram antes da CET, mas, depois da pandemia, perderam o “punch”, não conseguiram mais se impor ou, pelo menos neste momento, estão passando apertado, debaixo de ataques cruéis de gente sem coração, que não hesita em roubar a fiação e deixar a máquina no escuro.

Pode ser que em algum momento os semáforos voltem a ser poderosos e deem as cartas, mas isso só acontecerá depois da pandemia. Até lá, São Paulo seguirá no caos, sem ninguém respeitar suas luzes.

 

___
Siga nosso podcast para receber minhas crônicas diariamente. Disponível nas principais plataformas: SpotifyGoogle Podcast e outras.

Crônicas da Cidade vai ao ar de segunda a sexta na Rádio Eldorado às 5h55, 9h30 e 20h.

Antonio Penteado Mendonça

Advogado, formado pela Faculdade de Direito Largo São Francisco, com pós-graduação na Alemanha e na Fundação Getulio Vargas (FGV). Provedor da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo (2017/2020), atual Irmão Mesário da Irmandade, ex-presidente e atual 1º secretário da Academia Paulista de Letras, professor da FIA-FEA e do GV-PEC, palestrante, assessor e consultor em seguros.