Chegando lá

A vida é uma aventura única. Não existem duas iguais e tentar voltar no tempo, para resgatar o passado, é impossível. Como a água que escorre para o mar, a vida passa só uma vez de cada vez, é por isso que é impossível resgatar o passado, para tentar vive-la duas vezes.

Mas, mesmo que o passado fosse resgatável, vivê-lo de novo não seria a mesma a coisa que a primeira vez. Seria outro momento, com outra base e outra experiência, que o faria diferente, ainda que fosse o mesmo instante, no mesmo espaço.

É por isso que a única coisa que pode ser perdida é o futuro. Como ele ainda não aconteceu, nós podemos interferir e faze-lo bom ou ruim, mais ou menos de acordo com nossa vontade, que pode bem menos do que nós imaginamos.

É assim que a gente nasce, cresce, e toca em frente, no começo com muito mais certezas do que no fim. Vem o tempo da escola e dos primeiros amigos e das primeiras amigas e da descoberta da diferença dos sexos e que a diferença é boa.

Depois vem o tempo de aproveita-las e aprofunda-las e conhece-las, e ter vontade de casar e casar, para construir uma família e uma vida juntos, ainda que seja difícil, e nos dias de hoje cada dia mais difícil.

E o tempo passa. Passa em meses, em anos, em noites em claro, no choro dos filhos, nas lutas e nas tormentas, e nos momentos duros e nos momentos alegres que forjam a união; passa nos dias cinzas e nos dias de sol, até que a vida passa e, depois de um longo caminho vem a hora de olhar pra trás e ver o que sobrou.

E vem a descoberta de que mesmo tendo tido horas que deu vontade de jogar tudo pra cima, mesmo tendo tido instantes de raiva e dor, mesmo com todos os mesmos – as mágoas e a felicidade – se passaram 50 anos e que o saldo foi bom e que a gente – se tivesse que escolher – provavelmente, faria tudo de novo…contente por estar fazendo.

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