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O trânsito nas férias

Em janeiro, o trânsito dá sossego. É o contraponto para dezembro, quando as ruas paulistanas ficam completamente travadas, graças a uma soma perversa entre a incompetência da CET, a falta de educação de uma parte dos motoristas e a falta de competência para dirigir de outra.

Não é uma soma entre iguais. A CET sabe das deficiências desses dois blocos e se vale delas para piorar o que já está péssimo.

Quem paga o pato é a população, que não consegue chegar em lugar nenhum vagamente perto da hora, tanto faz sair mais cedo ou não. As ruas estão “gordicamente” travadas e não temos nenhum Alexandre da Macedônia para cortar o nó e desentupir os caminhos.

Ninguém pode mais, por isso todos choram mais, ou ficam mais irritados, o que só aumenta ainda mais a irritação porque, como não tem o que fazer, fica-se remoendo o quadro, até ter vontade de descer do carro, largá-lo no meio da rua e tocar em frente a pé.

Como se não bastasse, o congestionamento é perfeito para ladrões de todos os tipos aperfeiçoarem suas técnicas, seja ou não com violência, desde quebrar o vidro do carro até informar que a arma está na cintura e que “na moral” é melhor passar o celular.

É melhor colaborar e sair vivo. A alternativa é muito pior. E a turma do assalto não tem pensado duas vezes em atirar para matar, ainda que por meros quinze reais.

A única coisa boa é que, quando vemos marronzinhos, invariavelmente eles estão batendo papo, então não atrapalham o que já está ruim.

Ainda bem que estamos em janeiro e janeiro dá sossego para o povo.

As ruas seguem sem marronzinhos ou, quando tem, estão batendo papo e, como os maus motoristas saíram de férias, fica tudo mais fácil, com ou sem semáforos funcionando.

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Crônicas da Cidade vai ao ar de segunda a sexta na Rádio Eldorado às 5h55, 9h30 e 20h.

Antonio Penteado Mendonça

Advogado, formado pela Faculdade de Direito Largo São Francisco, com pós-graduação na Alemanha e na Fundação Getulio Vargas (FGV). Provedor da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo (2017/2020), atual Irmão Mesário da Irmandade, ex-presidente e atual 1º secretário da Academia Paulista de Letras, professor da FIA-FEA e do GV-PEC, palestrante, assessor e consultor em seguros.