Luz e sombras

Quando chove, até por uma questão de luminosidade natural, fica mais escuro do que ao meio-dia de uma manhã de sol. Nada de novo debaixo do sol que, aliás, brilha com certa regularidade, às vezes encoberto pelas nuvens que não dão descanso, ameaçando os viventes com as forças naturais soltas das imensas nuvens cinzas que cobrem o céu.

É a regra do jogo e não adianta imaginar que tem remédio. Não tem. É assim e ponto final. Ninguém, exceto São Pedro ou outra entidade de primeira grandeza, muda o que tem que ser, especialmente no universo das tempestades e outros fenômenos que se abatem sobre a terra, como se o planeta estivesse cheio do ser humano e buscando, se não sua extinção, pelo menos dar um puxão de orelhas capaz de fazê-lo pensar duas vezes, antes de insistir em destruí a natureza. 

É verdade, o problema não é brasileiro, não é complexo de cachorro magro, é realidade. O mundo está de ponta cabeça, que o digam os icebergs derretendo e o solo fértil das regiões que já foram geladas.

Onde a coisa complica é na distribuição de energia. Nos países desenvolvidos também tem momentos em que o caos é a única resposta, mas, até a instauração do caos, têm energia nas casas. 

Aqui não. É o céu ameaçar mudar de cor e a energia começa a pipocar. A luz vai e vem, queima equipamentos de todos os tipos, ainda antes da tempestade desabar.

 Tem gente que diz que é para fazer um teatro de sombras, mas eu tenho dúvidas. O céu é muito grande e não vai refletir o jogo.

O fato é que as sombras, em São Paulo, têm caráter especial e espacial. Às vezes são internas, às vezes são externas, mas o que não varia é a inestimável colaboração da nossa distribuidora de energia elétrica para o show ficar sempre mais interessante.