Franita
A Rua João Cachoeira me traz recordações da minha juventude, uma época em que o Itaim-Bibi era completamente diferente de hoje, a começar pela fábrica de chocolates Kopenhagen, que funcionava no bairro.
Entre as lembranças daquela época, duas vieram à tona faz poucos dias, quando fiquei parado no congestionamento de trânsito na Rua João Cachoeira e, na falta do que fazer, comecei a olhar as lojas e suas vitrines.
A primeira lembrança foi a dos livros de capa azul, a maioria histórias da Segunda Guerra Mundial, escritas por comandantes de tanques e pilotos de diferentes tipos de aviões, publicados pela Editora Flamboyant. Com títulos como “Piloto de Stuka”, “O Preço da Guerra” e outros no gênero, faziam minha cabeça e eu os comprava numa livraria no Itaim-Bibi.
A grande lembrança foi a segunda. Quem regula com a minha idade vai se lembrar das camisas da Franita. Lembro da loja até hoje. Provavelmente muito da lembrança está distorcida e a loja não era como eu me lembro dela. Mas o que vale é a lembrança e esta é sólida. Ficava do lado direito de quem vai da Nove de Julho para a Joaquim Floriano.
Mas o importante não é a loja e sua localização, importante são as camisas da Franita. Na década de 1960, começaram a surgir as primeiras calças jeans importadas, primeiro Lee, depois Levis, Wrangler e outras.
Calça Lee tinha azul, areia e branca. E nós as usávamos, meio que imitando os Beatles, com a camisa para fora da calça. E as camisas eram da Franita.
Volta e meia minha mãe nos levava, eu e meus primos, para comprar camisas lá. As preferidas eram as xadrez, com todos os tipos de estampa. Podiam ser de mangas compridas ou curtas, com ou sem botão na gola, o importante é que combinassem com a calça jeans.
Naquele tempo, ser feliz ainda era fácil.
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