Dia de Finados
Uma das grandes vantagens de se ficar velho é que a alternativa é muito pior. Só fica velho quem não sai de cena no meio do caminho, ou no começo, tanto faz. A velhice é a prova do sucesso diante da vida. É certo que se chega lá mais por sorte do que qualquer outra razão, mas o fato de ter chegado mostra que, na cola da sorte, tivemos saúde, força, resistência e muita teimosia.
A vida não é fácil para ninguém. Quem disser que é, ou é mentiroso ou não sabe nada, nem entende o que acontece em volta.
Na juventude, ser feliz é fácil, depois a felicidade se torna mais vasqueira e, como diz o poeta: “é uma árvore toda arriada de dourados pomos, mas nunca a pomos onde estamos ou não estamos onde a pomos”.
A busca da felicidade é uma das razões para viver, para querer estar vivo, para tocar em frente, sem medo de buraco, nem respeitar cerca.
Cada um sabe de si e traça seu caminho do jeito que pode, porque nenhum caminho é exatamente como gostaríamos que fosse, no máximo, fazemos o mais parecido possível.
Depois de andar muito, na curva da estrada, no final de mais uma longa subida, nos sentamos na beira do caminho, debaixo de uma árvore com sombra, bebemos a água fresca do riacho ao lado e olhamos para trás.
Olhamos para tudo o que passou, para todos que passaram, para o que faz nossa vida, cada tijolo, cada mágoa, cada momento feliz, e lembramos que hoje é Dia de Finados, dia de homenagear os que vieram antes e os que partiram antes. Por que é assim? Os que vieram antes, porque nasceram antes, mas os que apenas partiram antes, para estes não tenho respostas.
Ergo para cada um deles minha taça e dou um gole em sua memória. Um longo gole em homenagem a todos que me foram importantes e que hoje erguem suas taças sentados nos jardins da eternidade.
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