O lado belo da vida
A vida é complicada, difícil, cheia de pedras no meio do caminho. É verdade, viver é muito perigoso, já dizia Riobaldo Tatarana, em “Grande Sertão Veredas”, guerreando pelo sertão das Gerais.
Só bobo acha que viver é fácil. Depois da infância, a felicidade fica mais rara, arisca, mas não quer dizer que não possa estar presente. Está e está em nós descobri-la, fazê-la brilhar e sair da toca, cheia de luz, tornando mais fácil a áspera caminhada.
Um amanhecer com o sol subindo do escuro da noite, trazendo com ele a luz da madrugada; o pôr-do-sol pintando o céu de vermelho; o cheiro de terra molhada carregado na brisa que atravessa a tarde; o canto de um sabiá, o voo de dois gaviões, a felicidade tem chaves inesperadas para abrir suas portas, entrar na sala e mudar o jogo.
Ser feliz é bom, ser alegre é bom, rir e estender as mãos é bom, dividir é bom. Bom feito torta de maçã, feito sorvete de nata, feito uma onda batendo nas costas, numa praia de mar manso, num dia de verão.
O lado duro e feio todo mundo sabe que existe, não precisa cartilha para contar como é. Todos, em algum momento, têm uma quadra mais complicada, um momento mais triste, um sonho desfeito ou a realidade pintada com cores densas.
Faz parte da vida, faz parte de estarmos neste mundo, que não é um vale de lágrimas, mas um lugar em que vale a pena estar, como vale a pena viver, tocar em frente com os olhos bem abertos, cheios de espanto para cada milagre que a sorte coloca na nossa estrada.
Ah! Poder parar, encostar num barranco, debaixo de uma árvore com sombra larga e beber um gole da água limpa e fria que corre no riacho ao lado… Felicidade é isso: num momento simples, sentir a vida entrar no corpo e na alma e reviver a esperança, olhar em volta e achar o mundo bonito.
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