A proliferação dos saguis

Dois anos atrás, apareciam um aqui, outro ali, pequenos grupos com poucos integrantes, e eram a sensação do bairro. Saltavam pelos galhos das árvores, mas o mais legal era vê-los correndo pelos fios estendidos nos postes.

Aos poucos, foram se multiplicando. Os bandos foram crescendo, mais macacos em cada um, mais bandos se pendurando pelo bairro.

Agora, voltaram com tudo e os bandos estão bem grandes. Não são mais alguns macacos, são dezenas de saguis pulando de um galho para o outro, aproveitando os fios para mudarem de lugar, em caminhadas que de outro modo não conseguiram fazer porque as árvores não são tão numerosas, nem se cruzam, galhos depois de galhos, como se fosse uma floresta fechada.

São árvores plantadas nas calçadas, uma relativamente distante da outra, uma de cada lado da rua, dificultando a vida dos saguis, que não conseguiriam saltar distâncias tão grandes.

Usando os fios estendidos nos postes, inclusive os mais grossos, de alta tensão, eles são donos do pedaço e vão e voltam conforme queiram, sem se preocuparem com eventuais dificuldades causadas pelas distâncias intransponíveis dos galhos, uns distantes dos outros.

Os saguis são uma festa e é comum pais saírem com os filhos pequenos para verem os macaquinhos empoleirados nas árvores. Alguns levam bananas para as crianças darem para os animaizinhos, outros as colocam nos ombros para ficarem mais altas e verem melhor os macacos brincando no alto dos galhos.

O sonho da Clotilde é caçar um macaco e ela dispara pelo jardim seguindo os saguis nos fios, mas, como a distância entre eles é grande e os macacos não são bobos, não me parece uma aventura factível.

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