Verdinho, o meu primeiro carro
Está fazendo cinquenta e um anos que eu ganhei meu primeiro carro. Foi logo depois de entrar na Faculdade de Direito do Largo de São Francisco, o único vestibular que democraticamente meu pai me deixou fazer, aos dezoito anos, no final de 1970. Tinha duas opções: de manhã e de noite. Como deveria também cursar o CPOR, o Centro de Preparação de Oficiais da Reserva, a primeira opção foi o curso noturno.
O resultado saiu no começo de janeiro e, com base no antigo trato com meu pai, eu passei a ter direito a um automóvel, com motor na frente, porque muita gente tinha sofrido acidentes graves com fuscas e seu motor atrás.
O pai de meu amigo da vida inteira, José Cássio do Val, era dono de uma concessionária Chevrolet chamada Zona Sul. Foi lá que fomos comprar meu primeiro carro, um Opala Especial 2500, 1971, verde amazonas, placa AM 6392.
A Chevrolet fabricava dois modelos de Opala, o de quatro e o de seis cilindros. A diferença básica era o motor de seis cilindros com 3800 cilindradas, depois aumentado para 4100, e o motor de 4 cilindros com 2500 cilindradas.
O meu Opala era o modelo Especial de 4 cilindros, com câmbio de três marchas na coluna de direção, verde amazonas, estofamento xadrez, freios a tambor e pneus de Dodge Dart para melhorar a estabilidade.
O que o fazia único era o som produzido pelo Joãozinho, um toca fitas de carretel, estéreo, inventado e montado por meu primo Mando, instalado debaixo do painel, com quatro alto-falantes e dois tweeters, que garantiam som de primeira inclusive para os padrões de hoje.
Em dois anos que fiquei com o Verdinho, rodei 98 mil quilômetros, 10 mil dos quais numa viagem mágica, com o Zé Cássio, até o Rio Grande do Norte. Meu primeiro carro foi um grande carro.
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