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Paralelepípedos

Grande parte das grandes cidades do mundo tem algumas de suas principais ruas calçadas com paralelepípedos. A regra vale para Londres, Paris, Moscou, Lisboa, Madri, Roma e até Buenos Aires, para não citar outras, nos mais variados países.

Todas também têm ruas asfaltadas. Não há nada de errado nisso. Apenas, ao conservarem os paralelepípedos, conservam parte da história e ruas com calçamento mais consistente, que requer menos cuidados.

Curiosamente, São Paulo arrancou os paralelepípedos de quase todas as suas ruas e avenidas. As que sobraram são ruas esquecidas, sem importância ou relevo na vida da cidade. E mesmo elas, invariavelmente, têm um remendo de asfalto num trecho que precisou ser aberto por alguma razão.

Não, a mania não é nova. Faz décadas que as coisas acontecem assim. Me lembro quando a Avenida Dr. Arnaldo teve o paralelepípedo substituído por asfalto. E olha que já faz muito tempo.

Foi apenas uma das centenas de avenidas que passaram pelo processo. A Avenida Angélica é outra e a lista seria imensa, se fosse para lembrar todas as avenidas que tiveram o calçamento substituído por asfalto.

O assunto veio à mesa outro dia, num final de tarde, conversando com dois amigos. Um deles tem uma tese que faz sentido. Segundo ela, a substituição aconteceu para as ruas serem recapeadas mais vezes e assim a economia girar melhor, gerar empregos e movimentar o comércio.

Foi aí que o outro amigo concluiu a tese. O asfalto colocado nas ruas da cidade é ruim para o giro econômico acontecer mais vezes, no mesmo período em que aconteceria uma única vez, se fosse usado asfalto de boa qualidade. Como essa crônica não tem pretensão científica, nem discutir a qualidade do asfalto, o tema foi levantado apenas como curiosidade.

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Crônicas da Cidade vai ao ar de segunda a sexta na Rádio Eldorado às 5h55, 9h30 e 20h.

Antonio Penteado Mendonça

Advogado, formado pela Faculdade de Direito Largo São Francisco, com pós-graduação na Alemanha e na Fundação Getulio Vargas (FGV). Provedor da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo (2017/2020), atual Irmão Mesário da Irmandade, ex-presidente e atual 1º secretário da Academia Paulista de Letras, professor da FIA-FEA e do GV-PEC, palestrante, assessor e consultor em seguros.