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Os dias de chuva

Dia de chuva é igual a dia de sol, só que com chuva. Pode parecer estranho, mas, na ordem natural das coisas, a chuva não faz o dia diferente, nem mais especial. A diferença não afeta o planeta. Quem sofre ou não com os dias de chuva e os dias de sol somos nós, seres humanos, que nos achamos feitos à imagem e semelhança do Criador, mas que aos poucos descobrimos que não é bem por aí e que nossa importância é tão grande quanto a de uma barata ou de um esquilo na boca de um urso.

Dia de chuva molha. É uma afirmação que não tem como ser contestada. Molha e ponto. O quê molha é outra história, mas, se você sair de casa na chuva sem capa ou guarda-chuva, vai ficar molhado. Da mesma forma que se sair num dia de sol não vai ficar molhado. Suado, quem sabe, mas não molhado, a não ser que você tome um banho de ducha ou entre num lago. Mas a água não será da chuva, nem do sol.

Chuva é bom e não é bom. Depende da chuva, da hora que ela cai, da violência com que entra e da constância com que molha a terra.

Chuva criadeira é boa e bonita. A água caindo, se infiltrando no solo seco fala de vida, de renascimento e de fartura.

Tempestade de verão é bonita, mas não é boa. Quer dizer, não é boa para nós. Normalmente a beleza destrói, leva vidas, sonhos e o que as pessoas atingidas tinham e não tinham. É triste, apesar da beleza impressionante.

Pode mais quem pode mais. Entre nós e as tempestades, aposto nelas, com certeza. No final, vão ganhar.

Ficar no terraço vendo a chuva cair traz paz, vontade de ficar sem fazer nada, só vendo a chuva cair.

A alternativa é sair na chuva e deixar a água escorrer pelo corpo. É outra forma de encontrar a paz, tão boa quanto a primeira.

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Crônicas da Cidade vai ao ar de segunda a sexta na Rádio Eldorado às 5h55, 9h30 e 20h.

Antonio Penteado Mendonça

Advogado, formado pela Faculdade de Direito Largo São Francisco, com pós-graduação na Alemanha e na Fundação Getulio Vargas (FGV). Provedor da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo (2017/2020), atual Irmão Mesário da Irmandade, ex-presidente e atual 1º secretário da Academia Paulista de Letras, professor da FIA-FEA e do GV-PEC, palestrante, assessor e consultor em seguros.