A chegada das paineiras
As paineiras estão entrando em cena com sua florada cor de rosa pra enfeitar a cidade. As paineiras são árvores especiais, com tronco especial, galhos especiais, folhas especiais e espinhos especiais.
Parecem seres da pré-história, quando os dinossauros andavam sobre a terra e a vida corria no ritmo da vida, até um enorme asteroide acabar com a festa.
Se o antepassado dos seres humanos sobreviveu, se os tubarões e as baratas sobreviveram, por que as paineiras não haveriam de sobreviver?
Tanto faz! Pré-históricas ou não, as paineiras estão aí, com suas flores delicadas contrastando com o tronco tosco, com espinhos para protegê-las dos fantasmas que vagam de noite.
O que muita gente não sabe é que, apesar do jeito bruto e às vezes agressivo, as paineiras são grandes companheiras e boas amigas. São leais, discretas e por isso servem de suporte para o ninho do joão de barro e de poleiro para os sabiás.
Em troca, as aves contam para a árvore o que veem pelo mundo, as maravilhas e os dramas que seus voos abrem para elas e como as coisas giram de outra forma e outro ritmo, dependendo de onde.
São Paulo não tem muitas paineiras plantadas na cidade. Numa comparação com os ipês, é fácil dizer que São Paulo, estatisticamente, não tem paineiras. Que elas são a margem de erro ou o refugo estatístico.
Tanto faz! As paineiras sabem da sua importância na ordem natural da cidade e não se furtam nem sentem vergonha de entrarem em cena em menor número, com menos estardalhaço.
Elas fazem o que têm que fazer, dão seu recado, mostram suas flores e está tudo certo. Até o ano que vem, elas estão com a lição de casa feita. Quem quiser mais do que isso é exigente demais.
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