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Tanto cá como lá

Você olha o Brasil e sente o desânimo tomar conta de você. Notícia boa é rara, notícia quase boa é rara, notícia ruim é menos rara, mas o que pulula mesmo são as péssimas notícias.

Parece que montaram um concurso em âmbito nacional no qual ganha quem tiver a pior notícia. Quanto pior, melhor. A mensagem é essa. Quanto pior melhor.

Não tem o que fazer. É assim já faz tempo. É lembrar a despreparada que queria engarrafar vento e fazia a apologia da mandioca. Mais vale um mandiocão na mão que dois voando. Até porque a mandioca voadora pode errar o alvo e aí é perigoso.

As próximas eleições serão com certeza as mais dramáticas dos meus quase setenta anos de vida. Já votei de todas as formas, em todo tipo de regime. Comecei votando na ditadura, depois votei na democracia e agora vou votar na imensa vergonha que se transformou a política nacional, com evidentes impactos na próxima eleição.

O país está moralmente desmontado, de ponta cabeça, sem norte para o que quer que seja, sem rumo e sem bússola, com os maus exemplos pipocando de cima para baixo, dados pelos três Poderes da República.

Pra quem acha que seguimos firmes numa democracia, a graça presidencial para um condenado a quase nove anos de reclusão mostra que acima do Judiciário está a vontade de S.Exa. Isso só funciona nas ditaduras.

Mas quem acha que o Brasil é o fim da linha, vale dar uma olhada em volta. A destruição da Amazônia é, antes de tudo, uma estupidez, mas o que o resto do mundo faz em todas as frentes não é muito diferente.

A guerra da Ucrânia e o relaxamento das medidas para reduzir os combustíveis fósseis mostram que nossos irmãos ricos são muito bons quando não é no deles. É verdade, nós somos ruins, mas quem não é?

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Crônicas da Cidade vai ao ar de segunda a sexta na Rádio Eldorado às 5h55, 9h30 e 20h.

Antonio Penteado Mendonça

Advogado, formado pela Faculdade de Direito Largo São Francisco, com pós-graduação na Alemanha e na Fundação Getulio Vargas (FGV). Provedor da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo (2017/2020), atual Irmão Mesário da Irmandade, ex-presidente e atual 1º secretário da Academia Paulista de Letras, professor da FIA-FEA e do GV-PEC, palestrante, assessor e consultor em seguros.