O frio veio
Não sei se fará mais frio ou não, mas o frio que fez na semana passada foi suficiente para fazer São Tomé acreditar nas mudanças climáticas sem precisar ver a chagas de Cristo.
Fez frio como manda o figurino, como se espera de um dia de inverno na Alemanha, para não lembrar da Sibéria, onde parece que a coisa é mais complicada.
São Paulo não está preparado para o frio que fez. A cidade não foi construída para invernos extremamente rigorosos, nos patamares de cidades mais ao sul ou bem ao norte, onde o frio é rotina e faz parte do modo de vida das pessoas.
São Paulo está em cima do Trópico e as regiões tropicais não são famosas pelos dias frios. Ainda que estando no limite das áreas quentes, São Paulo deveria ter clima temperado, que é completamente diferente do frio polar que varreu a cidade.
Depois de semanas de calor abissínio, frio polar. E não querem que as doenças respiratórias explodam, enchendo os hospitais com pacientes de toda as idades, mas maltratando mais idosos e crianças.
As mudanças climáticas vieram, viram e venceram. Não há o que fazer. Pelo jeito, a toada vai durar muitos anos, antes que o ser humano se conscientize que assim não dá. E, depois da conscientização serão necessárias décadas para colocar ordem no clima. As mudanças não acontecem do dia para a noite.
Mas se a coisa ficou feia para quem tem casa e roupa de lã, imagine para as milhares de pessoas, famílias inteiras, em situação de rua, vulneráveis ao vento e ao frio, dormindo em barracas de lona ou no chão duro, expostas à violência do planeta cobrando sua conta.
Não dá mais. O país tem que começar a enfrentar seus problemas.
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