Pressione enter para ver os resultados ou esc para cancelar.

E o povo que se dane

É ano de eleição e, como dizia Dr. Ulisses, em eleição, a única coisa feia é perder. O governo sabe disso e sabe também que o voto dos funcionários públicos é importante para encher as urnas e garantir um resultado favorável.

Até agora o governo dizia que não daria reajuste para os funcionários. A exceção, porque sempre tem uma exceção, eram os policiais de todos os naipes, com ou sem farda. Estes estavam protegidos porque o governo já vinha trabalhando a categoria em todo o território nacional.

Mas as reações das demais categorias, como era de se esperar, entornaram o caldo e o governo, numa tacada milimetricamente planejada, decidiu generosamente dar aumento para todo o funcionalismo.

O problema é que não tem dinheiro para isso no orçamento. Mas isso só é problema para você, para o governo está tudo certo. É só cortar aqui e a ali e tudo bem, dá pra dar e fazer a graça que está faltando.

Pra quem achava que o governo não faria, o governo fez: passou a tesoura nas verbas da saúde e da educação. Isso mesmo! Cortou alguns bilhões de reais da saúde e da educação para dar aumento para o funcionalismo e ganhar os votos dos funcionários.

Como é que fica? Fica assim. A saúde, que já não tem para dar minimamente conta do recado, vai perder mais dois ou três bilhões de seu orçamento. Isso quando a dengue corre solta, a hanseníase está fora de controle, o sarampo está de volta, o coronavírus não foi embora e tem milhares de procedimentos eletivos que foram postergados pela pandemia da covid19.

A educação também não fica melhor na foto. Os cortes chegam exatamente quando os testes com os alunos brasileiros mostram resultados desalentadores. Pois é… para o governo, o povo que se dane.

___
Siga nosso podcast para receber minhas crônicas diariamente. Disponível nas principais plataformas: SpotifyGoogle Podcast e outras.

Crônicas da Cidade vai ao ar de segunda a sexta na Rádio Eldorado às 5h55, 9h30 e 20h.

Antonio Penteado Mendonça

Advogado, formado pela Faculdade de Direito Largo São Francisco, com pós-graduação na Alemanha e na Fundação Getulio Vargas (FGV). Provedor da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo (2017/2020), atual Irmão Mesário da Irmandade, ex-presidente e atual 1º secretário da Academia Paulista de Letras, professor da FIA-FEA e do GV-PEC, palestrante, assessor e consultor em seguros.