O problema é a pecinha da frente

[Crônica do dia 7 de maio de 1997]

Desde que os computadores encolheram e aumentaram sua capacidade de processamento, negando mais uma vez a premissa de que só os grandões resolvem, o mundo mudou de cara e ninguém sabe muito bem onde é que estas mudanças vão dar.

Dia após dia uma nova descoberta desbanca a descoberta anterior, aumentando o universo de possibilidades ao alcance do homem comum, que, não fosse a sua incompetência em apertar teclas, estaria pronto para julgar-se Deus.

Por sorte os computadores, com todos os avanços tecnológicos que fazem deles maquininhas indispensáveis para a vida moderna, continuam burros.
Quer dizer, burros não, muito bem treinados, e condicionados à só fazerem o que os botões de seu teclado ordenam.

Para nossa alegria, até agora, os computadores não resolveram tomar o controle, o que vem nos facilitando a vida, apesar dos probleminhas enervantes que nos fazem ter vontade de chuta-los, todas as vezes que o computador se recusa a fazer aquilo que nós queremos.

E é impressionante como nós queremos coisas que ele não faz! Ou melhor, fazer, ele faz, mas só quando os outros estão no comando.

É por isso que uma advogada que trabalha comigo desenvolveu, em conjunto com um grupo de curiosos, uma teoria no mínimo fascinante, porque se não resolve, pelo menos explica as razões da indisciplina do nosso computador, mesmo ele sendo bem treinado e condicionado a fazer apenas o que as teclas lhe comandam.

De acordo com a sua teoria, o grande problema que leva os computadores a não fazer aquilo que nós queremos não está no computador, mas na “pecinha” sentada em frente, que é quem aperta os botões.