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Na hora errada, no lugar errado

Os dinossauros estavam tranquilos. Depois de trezentos milhões de anos dominando a terra, nada parecia ameaçar seu status. Continuariam a dominar o planeta por outros trezentos milhões de anos e tudo seguiria como estava, porque era assim que deveria ser. Se antes era, não havia razão para depois deixar de ser.

Só que, de repente, o planeta entrou no lugar errado, na hora errada e tudo que deveria ser deixou de ser. Os dinossauros foram apagados, inexoravelmente exterminados na forma que tinham até isso acontecer.

Deixaram descendência. As aves estão aí como suas digníssimas sucessoras, mas outras formas de vida que não foram tão afetadas deram a volta por cima e ocuparam o lugar dos dinossauros por outras dezenas de milhões de anos, até o homem sapiens entrar em cena e mudar de novo as regras do jogo.

De comum em todas essas narrativas apenas o planeta, a Terra. Entra um, sai outro, segue sendo a Terra, com todos os seus defeitos e qualidades, que permitem que a vida prolifere e prospere, tanto faz quem é quem na escala do jogo.

O problema é exatamente este. O ser humano está brincando com fogo. Nós não precisamos um novo asteroide para liquidar nossa existência em cima do planeta. No ritmo que as coisas vão, estamos mexendo com forças muito poderosas, capazes de dar conta do recado e nos mandar fazer companhia às sombras dos dinossauros que vagueiam no fim do universo. Era uma vez o ser humano, como era uma vez um tiranossauro rex.

E o planeta, indiferente, seguirá em frente, girando em cima de seu eixo e em volta do sol, enquanto alguma outra forma de vida tomará nosso lugar com a sem cerimônia do ritmo da natureza. Era uma vez o ser humano, chegou o tempo das baratas.

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Crônicas da Cidade vai ao ar de segunda a sexta na Rádio Eldorado às 5h55, 9h30 e 20h.

Antonio Penteado Mendonça

Advogado, formado pela Faculdade de Direito Largo São Francisco, com pós-graduação na Alemanha e na Fundação Getulio Vargas (FGV). Provedor da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo (2017/2020), atual Irmão Mesário da Irmandade, ex-presidente e atual 1º secretário da Academia Paulista de Letras, professor da FIA-FEA e do GV-PEC, palestrante, assessor e consultor em seguros.