Faça por você
Não queira agradecimento de quem você ajudou. Pode ser que aconteça, mas o caminho não é esse. Ao contrário, sua ajuda é um ato seu e de mais ninguém. Não tem espaço para agradecimento, nem para contar vantagem porque você fez alguma coisa para alguém.
Por isso, se você quiser ajudar alguém, faça porque você quer fazer. É uma ação exclusivamente sua, uma inciativa sua, sem nenhum interesse em aparecer legal no filme ou como herói para a turma.
Um amigo meu diz que um herói é só um sujeito que estava no lugar errado, na hora errada. Ele está essencialmente certo. Se uma pessoa puder escolher entre ser herói e continuar viva, garanto que vai preferir a segunda escolha. Então, não queira ser herói, nem carregar o mundo nas costas, especialmente às custas de outro.
Não, não estou dizendo para você não auxiliar quem precisa. Estou dizendo que, quando você fizer isso, faça por você, assim você nunca terá o direito de cobrar a ajuda que você deu. Quem você ajudou não é seu devedor, é alguém exatamente no mesmo patamar, que, por uma razão ou outra, num momento de complicação, você, por sua única inciativa, decidiu dar uma mão ou quebrar um galho.
Se você agir assim é até mais bonito. Estará em consonância com as palavras de Jesus “não deixe a mão esquerda saber o que fez a direita”. Ou, se você preferir, será uma adaptação de outra passagem da Bíblia: “quem dá aos pobres empresta a Deus”.
O negócio deixa de ser feito no plano terreno para entrar no plano divino. Você fez porque você quis. Dessa forma você fica bem com sua consciência e bem com Deus. Não tem mais ninguém nessa relação. Não há devedor, nem credor. Todos os preços são seus e estão pagos. E, se você decidiu pagá-los, fez porque teve vontade.
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