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Sanduíches

[Crônica de 21 de maio de 2010]

Na longa história da gastronomia, desde a remota época em que o homem comia os filhotes dos inimigos, com variações para religiosos no período colonial brasileiro, pouca coisa é mais gostosa do que sanduíche.

Taxados de nocivos à saúde, os descendentes da invenção do lorde inglês ocupam lugar em todos os países do mundo, ao ponto de Paris ter em plena Champs Élysées alguns McDonald’s e outras redes de hambúrgueres disputando lugar com o tradicional Fouquet’s.

O Brasil não se sai mal na comparação com o que existe de mais sofisticado. E dentro do país, sem menosprezo com os outros, São Paulo tem lugar de destaque na preparação de deliciosos sanduíches das mais diversas naturezas, com os mais inusitados ingredientes.

Seria fácil começar com os tradicionais sanduíches inventados pelos antigos bares do centro velho. Eram obras primas da culinária, feitos com um capricho e uma generosidade que não existem mais. Ah, um inventado do Maranduba, ou do Guanabara, que ainda existe, mas mudou o perfil. Eram o manjar dos deuses.

Mas tinham concorrência numa portinha estreita da Rua São Bento, onde a Casa Califórnia oferecia sanduíches de linguiça de fazer os anjos descerem à terra. E o Lírico, na Libero Badaró, não ficava atrás.

O que dizer dos hambúrgueres e derivados que tomaram a cidade de assalto a partir do final dos anos 1960. Um bom X tártaro do Chico Hamburger, que depois virou Burdog. Um X salada do New Burger ou do Joaquim. Ou uma passada pelo Hamburguinho de madrugada.

Como deixar de fora o Frevo e o Frevinho? Como não lembrar dos sanduíches do Senzala? E as padarias, começando pela Barcelona? É um complô, mas se o colesterol reclama, o paladar viaja.

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Crônicas da Cidade vai ao ar de segunda a sexta na Rádio Eldorado às 5h55, 9h30 e 20h.

Antonio Penteado Mendonça

Advogado, formado pela Faculdade de Direito Largo São Francisco, com pós-graduação na Alemanha e na Fundação Getulio Vargas (FGV). Provedor da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo (2017/2020), atual Irmão Mesário da Irmandade, ex-presidente e atual 1º secretário da Academia Paulista de Letras, professor da FIA-FEA e do GV-PEC, palestrante, assessor e consultor em seguros.