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Transição ou assembleia da UNE?

Um grupo de 300 pessoas é um bando grande. Dá pra fazer estrago de monta, seja onde for. Uma horda desse tamanho ninguém controla, vira ataque dos bárbaros, a coisa sai de giro. Todos dão palpite e cortam a cabeça do próximo para impor sua vontade, revelada no alto do monte.

Uma transição com a participação de 300 pessoas, por melhor que cada uma seja, não dá certo. Está mais para assembleia da UNE do que para formular as diretrizes para um novo governo. Não funciona. Não é por aí que o país vai encontrar seu caminho ou minimamente a solução para tentar resolver a falta de solução decorrente de 300 cabeças se degladiando, cada uma com seu sonho, querendo dar as cartas.

A lei fala em 50 pessoas integrarem a equipe de transição. Já é muita gente, mas, na medida que tem muito assunto, até dá para dividir o bolo e deixar rolar, com um ou dois coordenadores colocando ordem na casa.

Com 300 não tem jeito. Por mais bem-intencionados que todos estejam, o que não é o caso, fica mais para os 300 de Esparta, traídos nas Termópilas, como se viu na desastrada intervenção do Sr. Mantega contra a eleição do novo presidente do BID. O tiro saiu pela culatra e ele deixou a equipe de transição, enquanto Ilan Goldfajn foi merecidamente eleito.

Mas o buraco é mais embaixo. Lembra o poema italiano: Erono trecento, giovani e fortti, sono tutti morti.
Quem sempre gostou de mais cacique do que índio é o PSDB. Vejam o que aconteceu: o partido minguou, ficou mico no cenário nacional.

Se nós queremos ter uma chance para sair da encrenca em que estamos metidos, o Presidente Eleito precisa por ordem na casa.

Pode até deixar os 300 brincarem de assembleia estudantil, mas ele tem que acalmar a sociedade e pacificar o Brasil. Ou ele mostra ações consistentes desde o primeiro dia ou a vaca vai pro brejo. Com 300 é duro.

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Antonio Penteado Mendonça

Advogado, formado pela Faculdade de Direito Largo São Francisco, com pós-graduação na Alemanha e na Fundação Getulio Vargas (FGV). Provedor da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo (2017/2020), atual Irmão Mesário da Irmandade, ex-presidente e atual 1º secretário da Academia Paulista de Letras, professor da FIA-FEA e do GV-PEC, palestrante, assessor e consultor em seguros.