Fake news
Já disseram no passado: “eu não vim para explicar, vim para confundir”. Faz sentido. Invariavelmente, é mais fácil as pessoas acreditarem na confusão do que na explicação. Nunca isso foi tão verdadeiro como é hoje.
Se gênios como Chacrinha estivessem vivos, provavelmente não teriam o espaço que os fez famosos em seu tempo. O mundo atual tolhe a liberdade de expressão, a genialidade criativa, mas, de outro lado, escancara as portas para toda sorte de mentiras, invenções e inverdades que possam ser espalhadas pelas redes sociais.
Quanto mais absurda, invariavelmente maior a resposta. Mais as pessoas acreditam e, o que é pior, passam para a frente. O mais curioso é que, se a informação for lida com cuidado, costuma não fazer sentido, não tem pé nem cabeça, é um disparate fora do roteiro, mas é tida como verdade e a coisa atinge patamares inacreditáveis.
Algumas notícias são tão improváveis quanto boi voar e, no entanto, seguem em frente como verdade da Bíblia e a chancela do arcanjo São Miguel, com firma reconhecida e tudo para confirmar.
Aí você pergunta: mas alguém já viu arcanjo reconhecer firma? Em que cartório que foi? O outro fica sem resposta porque ele não sabe, mas nem assim muda de ideia. Aquilo segue sendo verdade.
A quantidade de informações explosivas que vão derrubar o governo americano só perde para a quantidade de verdades definitivas que dão conta de que as eleições no mundo todo são roubadas, com exceção da China.
Se postarem que Pelé foi campeão mundial de luta livre tem quem vá acreditar e afirmar que o maior atleta do século 20 lutava luta livre, disfarçado de Fantomas.
É um absurdo, mas o absurdo, hoje, ameaça governar o mundo.
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