O centro dá medo
Andar pelo Centro de São Paulo já foi um programa muito legal. Os dois lados do Anhangabaú têm prédios deslumbrantes, que contam uma parte muito importante da nossa história. O Teatro Municipal é um exemplo, o prédio da Prefeitura, outro e a Escola de Comércio Álvares Penteado, no Largo de São Francisco, não perde nada para o conjunto formado pela Faculdade de Direito e as duas igrejas ao seu lado.
A Praça da Sé é um conjunto impressionante, com a Catedral e o Tribunal de Justiça orgulhosos em seu ponto mais alto, donos do pedaço como se a fé e a justiça fossem os paradigmas do mundo.
Mosteiro de São Bento, Santo Antonio, Boa Morte e outras igrejas como o Pátio do Colégio falam da fé que movia os paulistas séculos atrás. E, do outro lado do viaduto, o Shopping Light mostra como era a arquitetura da cidade na época em que o Centro Velho começou a dividir espaço com o Centro Novo.
Falar da Praça da República, do Largo do Arouche, da Avenida Viera de Carvalho, da Avenida São Luiz é colocar no mapa uma região que já foi maravilhosa, mas que foi perdendo espaço porque São Paulo é cruel e segue em frente, sem se preocupar ou ter saudades do passado.
Recuperar essa região não será fácil, mesmo os governos do Estado e do Município se instalando nela para chamar moradores e empresas de todos os tipos.
Mas a empreitada é factível. Eu já vi isso ser feito em outros países com resultados fantásticos. É só olhar Londres, Nova Iorque, Berlim e Hamburgo para saber que dá.
Só que, enquanto não acontece, dá medo andar pelo pedaço. O Centro está sujo, cheirando mal, perigoso. Mas se dá medo andar de dia, dá muito mais de noite. Quem tem juízo não passa por lá.
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