A igreja de São Cristóvão de noite

[Crônica do dia 04 de abril de 2001]

Eu saí da Pinacoteca do Estado, olhei para a esquerda e lá estava ela, novinha, iluminada, brilhando na noite a alegria de suas torres restauradas.
Bati o olho e fiquei em dúvida de que igreja era. Foi a Luciene, funcionária da Pinacoteca, quem me disse que era São Cristóvão e que eu não a estava reconhecendo porque havia sido restaurada.

Bota restauro nisso! A igreja de São Cristóvão era uma igrejinha pobre e apagada, no começo da avenida Tiradentes. Andava bem decaída, com as paredes sujas e mal conservadas, com jeito de igreja candidata a tapera, como tantas outras igrejas paulistanas que ao longo do tempo tiveram que ser praticamente reconstruídas, ou que foram simplesmente derrubadas, em função de terem se transformado em ruínas.

São Cristóvão não chegava a tanto, mas a igreja, que nunca foi rica, nem importante, estava decadente, como a própria região, até a reinauguração da Pinacoteca.

Eu já falei de São Cristóvão, por isso não vou repetir sua história. Mas não posso deixar de elogiar o trabalho de recuperação da igreja. Ela mudou de cara e para muito melhor.

São Cristóvão está mais bonita do que nunca, tanto que ao sair do museu eu não a reconheci, iluminada com uma luz que valoriza suas linhas e que realça os poucos enfeites de suas fachada.

É a prova viva de que em se querendo dá e é só fazer. E se é possível fazer com a casa de Deus, ainda que os mais crentes coloquem no processo um empurrãozinho do Espírito Santo, a cidade tem jeito e o jeito de dar jeito é começando.

De cara nova, limpa, pintada e iluminada, a igreja de São Cristóvão ficou tão bonita quanto seus primos mais ricos, instalados um pouco adiante. Agora, olhando de frente pra Pinacoteca, ela não faz feio ao lado do convento da Luz e do museu de Arte Sacra.

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