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A boçalidade também é crime

Fica cada vez mais claro que o que aconteceu em Brasília no dia 8 de janeiro foi um absurdo de tal ordem que vai entrar para a história, não como um ato cavalheiresco para restaurar a dignidade, mas como um crime brutal, um ato de vandalismo sem qualquer paralelo na história brasileira.

O mais espantoso é o que eu ouvi de um bolsonarista de raiz diante da destruição do Congresso Nacional, do Palácio do Planalto e do Supremo Tribunal Federal. Segundo ele, o responsável foi o povo indignado por não ter respostas aos seus anseios. Que anseios?

A resposta do povo é o resultado das eleições, Lula ganhou porque o povo deu sua resposta a um governo com pouca compostura e nenhum comprometimento com o estado democrático de direito.

Eleição se ganha e se perde, a alternância do poder faz parte da democracia e é responsável pelo seu sucesso como a mais eficiente forma de governo criada pelo ser humano. Perdeu? Faça oposição e, quatro anos depois, volte a disputar as eleições. O povo decidirá quem deve governar.

Não tem sentido inconformados com os resultados das urnas tentarem derrubar o governo eleito de acordo com as regras através de um golpe patético e sem chance de vencer, baseado numa elocubração que nem o roteirista de um filme de segunda classe conseguiria ter a criatividade para fazer virar uma fábula.

Os atos de barbárie e destruição gratuita mostram quem são as pessoas que invadiram a Capital Federal, dispostas a incendiar a nação através de ações inimagináveis numa sociedade civilizada. E elas devem ser punidas de acordo com o devido processo legal.

Cabe também uma severa investigação das autoridades encarregadas da segurança de Brasília. O que aconteceu vai além da proverbial incompetência.

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Crônicas da Cidade vai ao ar de segunda a sexta na Rádio Eldorado às 5h55, 9h30 e 20h.

Antonio Penteado Mendonça

Advogado, formado pela Faculdade de Direito Largo São Francisco, com pós-graduação na Alemanha e na Fundação Getulio Vargas (FGV). Provedor da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo (2017/2020), atual Irmão Mesário da Irmandade, ex-presidente e atual 1º secretário da Academia Paulista de Letras, professor da FIA-FEA e do GV-PEC, palestrante, assessor e consultor em seguros.