As rotinas dos fins de semana
[Crônica do dia 23 de junho de 1998]
Os fins de semana têm as rotinas mais gostosas de todas. Neles, o escritório fica para traz e a vida segue outro ritmo completamente diferente, que faz a cabeça relaxar e se esquecer dos problemas que infernizam a vida, ao mesmo tempo que dão graça para a vida.
É bobagem dizer que o trabalho não distrai ou que o trabalho não é bom. O trabalho é tudo isto e muito mais, mas o fim de semana é o contraponto ao trabalho, daí ele ser tão ou mais gostoso que o trabalho.
Nos fins de semana que fico em São Paulo as rotinas de manhã, logo depois que acordo, seguem uma ordem quase que imutável, pelo menos até minha volta do passeio de bicicleta.
Levanto, desço, tomo café sem empregada na cozinha, o que é quase o paraíso na terra, trato do mané, brinco com o milho verde e saio de bicicleta.
O mané é o canário da casa e o milho verde o cão. Um waimaroxer preto que quando eu levo para passear na USP faz um enorme sucesso, apesar de ter gente que acha que ele é muito feroz.
O passeio de bicicleta segue por roteiros diferentes, podendo ou não ser pela USP, já que isto depende dos dias que universidade se dá ao luxo de ficar aberta.
Quando a USP está aberta, o que normalmente acontece nos sábados, o passeio é por ela. O que varia são os roteiros, que podem ter mais ou menos morro, ou ser mais ou menos comprido, em função da minha forma física no dia.
Aos domingos o passeio se estende pelo Alto de Pinheiros, cruzando a ponte da Cidade Universitária e se enfiando pelas ruas do bairro, que são ótimas para uma pedalada.
Quase todas com árvores grandes e com sombra, pedalar por elas, mesmo no verão, não exige um esforço extraordinário do ciclista, que pode seguir pensando na vida, sem se preocupar de mais com o trânsito, que pode ser de um ou outro carro chegando ou saindo de casa.
Depois de 15 ou 20 km assim, a cabeça fica limpa, arejada e reoxigenada, deixando-nos pronto para outra semana onde o trabalho, ao longo dela, se encarregará de trazer de volta a poluição.
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