Páscoa
[Crônica do dia 18 de abril de 2003]
Confesso que eu nunca entendi a relação entre a morte e a ressurreição do Cristo e o coelhinho da Páscoa. É evidente que deve haver uma e forte, se não o coelhinho não teria se institucionalizado e as fábricas de chocolate não teriam nesta época do ano um dos seus grandes momentos.
A Páscoa é uma festa que começa triste e acaba alegre. Tanto que os ovos de Páscoa são dados no domingo de Páscoa, quando o Cristo ressuscita e a antiga tradição judaica comemora a renovação da eterna aliança entre o homem e Deus.
Mas a Sexta-Feira da Paixão é o dia de se olhar de frente para os pecados, rever o escondido na alma, encontrar os erros e entendê-los, para buscar mais que o perdão de Deus, o arrependimento capaz de dar forças para não os repetirmos.
Pecar é humano, perseverar diabólico. É antigo como o ser humano, e verdadeiro como o pecado.
Porque o pecado existe e mora dentro da gente, como a beleza do mundo e a felicidade que faz o mundo ainda mais belo.
Quem sabe o ovo de Páscoa domingo seja uma amostra das delícias do paraíso para quem leva uma vida justa e honesta.
Um trailer da paga do Senhor pelo livre arbítrio usado para ajudar o lado certo a vencer.
Não há esperança para o homem de boa vontade, sem a certeza da vitória do bem.
A ressurreição do Cristo, a renovação da aliança, e o ovo de Páscoa são todos o mesmo rito, repetido desde o começo dos tempos, pelo qual o ser humano, de livre vontade, se alia com a vontade do Deus.
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