Os milagres e seus preços

[Crônica de 14 de agosto de 2001]

O computador atual é um milagre e a internet um milagre e meio. Para quem começou mexendo com uma calculadora manual, cheia de alavancas que mudavam os números de linha, os equipamentos modernos, mesmo não sendo os mais modernos de todos, são verdadeiros milagres. Milagres que simplificam a vida e tornam o mundo uma coisa só, com tudo de bom… e de ruim que isso traz.

De repente, com a internet, deixamos de ter privacidade. Quem quiser, entra na nossa tela e na nossa vida, sem pedir licença e sem saber se estamos de acordo com esta invasão. Ela simplesmente acontece e por conta dela temos que engolir, junto com o que nos interessa, todas as torturas que gente que não tem o que fazer descobre para nos infernizar a vida.

Aliás, é impressionante a quantidade de gente que, pelo que passa pela internet, não tem o que fazer. O duro é que eles descobriram a rede e acham que ela foi criada para servir de canal para brincadeiras, a maioria sem graça nenhuma, que só servem para atrapalhar quem tem que trabalhar e para quem a internet é uma ferramenta importante.

O e-mail é uma das maiores invenções do mundo, em todos os tempos. Tão importante quanto a caravela, a imprensa, o foguete e o antibiótico, ele veio mudar a cara do planeta, derrubando as fronteiras criadas pelo homem e unindo o que Deus separou, no episódio da torre de Babel.

Sem e-mail a vida hoje fica quase sem sentido. Como viver num mundo em que não é possível passar e receber e-mails? Mas como separar o que presta do que não presta?

É impressionante e é bom, ou quase. Porque seria melhor ainda se quem não tem o que fazer soubesse discernir e não amolasse quem tem o que fazer e para quem a internet é uma ferramenta de trabalho.

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