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O sumiço da pamonha

Não se ouve mais com a mesma frequência o grito de “pamonha, pamonha, pamonha de Piracicaba”, como se ouvia alguns anos atrás.

A dúvida é enorme. Pode ter duas variáveis principais para mostrar a verdade. A primeira, e mais simples: o mercado para pamonhas encolheu e não compensa mais sair de Piracicaba para vender pamonhas em São Paulo.

E a segunda, mais elaborada: o gosto do paulistano mudou, se sofisticou e agora ele não quer mais comer pamonha, quer comer escargot.

Tanto faz, as duas versões são válidas e cabem na explicação para o sumiço das pamonhas das ruas da Capital. Aquele carrinho com o autofalante em cima da capota não corta mais as ruas de bairro, com seu chamado irresistível para quem gosta de pamonha: “pamonha, pamonha, pamonha, a verdadeira pamonha de Piracicaba”.

Não, não é tão antigo quanto os lampiões a gás. Ao contrário, a pamonha entrou firme e forte no século 21, com seu grito de guerra se espalhando pelos bairros da Capital com a sem cerimônia das chuvas de verão caindo na cidade.

Tem quem diga que a verdade está escondida debaixo de outra árvore. Que o que aconteceu é que as pamonhas se solidarizaram com os Opalas e, quando eles começaram a sumir das ruas, elas também decidiram que era hora de tirar o time de campo e cantar em outra freguesia.

É complicado provar ou mesmo consolidar uma teoria, mas é fato que os Opalas praticamente desapareceram. Como é fato que se ouve muito menos anúncios de pamonha de Piracicaba, gritados pelos carrinhos velhos com um autofalante em cima.

Diz a lenda que as coisas vão e voltam e que a lembrança do grito de “pamonha, pamonha, pamonha de Piracicaba” vai ressuscitar os Opalas.

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Crônicas da Cidade vai ao ar de segunda a sexta na Rádio Eldorado às 5h55, 9h30 e 20h.

Antonio Penteado Mendonça

Advogado, formado pela Faculdade de Direito Largo São Francisco, com pós-graduação na Alemanha e na Fundação Getulio Vargas (FGV). Provedor da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo (2017/2020), atual Irmão Mesário da Irmandade, ex-presidente e atual 1º secretário da Academia Paulista de Letras, professor da FIA-FEA e do GV-PEC, palestrante, assessor e consultor em seguros.