Nem o Cardeal escapa
Pra quem acha que as coisas não estão tão feias assim, uma notícia complicada: O Cardeal do Rio de Janeiro, Dom Orani Tempesta, foi assaltado pela terceira vez.
O escândalo da manipulação dos resultados das partidas de futebol está tapando o sol, mas é apenas uma peneira. De verdade, a violência segue firme e forte, batendo em Chico e Francisco com a tranquilidade de quem sabe que pode fazer porque não acontece nada.
Não é de se esperar que um cardeal seja assaltado na zona oeste do Rio de Janeiro, mas nem sempre o que é de se esperar é o que acontece e, quando não acontece, as pessoas dizem “Oh!”, ficam assustadas e não sabem mais a quem recorrer.
Quando o representante das forças divinas divide a mesma experiência com o comum dos mortais, alguma coisa deve estar errada e o cidadão comum começa a se perguntar se não é o caso de se mudar para um lugar mais seguro, quem sabe o Paraguai.
Pode ser que sim, pode ser que não. O fato, concreto e apavorante, é que não foi a primeira vez que Dom Orani foi assaltado. Foi a terceira.
De duas, uma: ou a democracia brasileira é mais ampla e está entranhada profundamente no inconsciente das pessoas ou os bandidos perderam todo e qualquer respeito pelas forças divinas, com tudo de ruim e negativo que isso pode ter para a história da humanidade.
Pode ser também que as forças da lei tenham perdido o pé e estejam afundando no lodo que se espalha por todos os cantos da pátria armada.
Dizer que São Paulo é mais segura é bairrismo puro. Não é e a população sabe disso, sentindo na pele a ação dos marginais que atacam à luz do dia e sem máscaras, nas ruas centrais da cidade, com a impunidade dos que comungaram de manhã e por isso se sabem a salvo do mal.
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