É estúpido remar contra
Não adianta nadar contra a correnteza. Ela vai te arrastar e você, em algum momento, vai perder o folego, começar a engolir água e se afogar. É a regra do mais forte e a correnteza é invariavelmente a mais forte. Tanto faz um rio ou o mar. A correnteza não pode ser vencida. precisa ser compreendida e contornada, de acordo com suas próprias regras, para você sair da encrenca com vida.
Preso na correnteza, há uma única forma de sair do caudal e conseguir atingir a margem ou a praia. É se deixar levar, nadando com calma, procurando chegar na borda e, aí sim, com algumas braçadas, sair da corrente e se salvar.
A vida é uma correnteza especial, levada às últimas consequências pelas circunstâncias que formam o caudal. Entre pedras, areia e sujeira no fundo, os obstáculos que aparecem são mais ou menos complexos.
Cabe ao nadador ter a paciência, a calma e o conhecimento do ambiente para tomar as decisões mais cabíveis à situação em que ele se encontra. Não adianta bater de frente. É com jeito que as coisas se acertam.
Isso vale para situações concretas, nadando no mar ou num rio, como vale para situações comparáveis, como nadando na correnteza da vida ou no mar da existência.
Não adianta se precipitar. A calma é mãe do sucesso. Forçar a barra e nadar contra cansa e o fôlego acaba em pouco tempo. Beber água, daí pra frente, é coisa de poucos minutos e exaustão leva à morte por afogamento, quase como um descanso, depois da briga errada e sem sucesso com o mundo entorno.
Nesta vida, pode mais quem se protege contra as agruras do caminho. Não adianta remar contra. O barco não sai do lugar e, quando sai, é a favor da corrente, que é o oposto do rumo que a gente quer tomar.
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