A reinauguração do viaduto Santa Ifigênia
[Crônica de 3 de agosto de 2000]
Depois de mais de um ano fechado, passando por uma profunda reforma, o viaduto Santa Ifigênia, no centro velho de São Paulo acaba de ser reinaugurado.
Por acaso eu estava na região no dia da reinauguração e dei um pulo até lá, para ver como o viaduto tinha ficado. O viaduto ficou uma beleza. Todo remodelado, com as grades laterais pintadas, com o piso, inclusive a parte antes destinada aos carros, imitando mosaico e formando desenhos interessantes, com suas luminárias antigas, o viaduto Santa Ifigênia, com a igreja ao fundo, do outro lado do vale, ficou realmente uma beleza.
Uma beleza que contrasta com o resto do centro velho, completamente abandonado pela prefeitura, que pouco faz para preservar seus calçadões esburacados, ou simplesmente para mantê-lo limpo.
O contraste é gritante já nas portas do Mosteiro de São Bento, no largo do mesmo nome. O antigo largo de onde saiu Fernão Dias Paes com sua bandeira sonhando com as esmeraldas e que naquela época era esburacado porque São Paulo era pobre e não tinha como ser diferente.
Mas agora é diferente e o piso do viaduto, colorido, saudável, forte e bonito, contrasta violentamente com as pedras há pouco trocadas e já esburacadas e tortas do largo sujo, bem na frente do imponente convento.
É triste e é mais triste ainda porque é o retrato do jeito como as coisas são feitas por aqui. O que custava o piso do largo ter sido bem-feito quando foi feito, e, desde que foi mal-feito, o que custava, durante a reforma do viaduto, trocarem o piso do largo de São Bento, para ficar tudo igual e bonito?
Será que o preço seria muito diferente? Duvido. O que falta é competência e um mínimo de senso estético para quem ordena estes absurdos.
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