O Japão invade a USP
Ninguém discute, agora é o momento dos ipês. São eles que coordenam as floradas que enfeitam São Paulo. Acontece que nada é branco ou preto, definitivo no mundo. As coisas acontecem mais ou menos assim ou assado e isso não quer dizer que não é época da florada dos ipês, nem que outras árvores não possam entrar na dança.
Graças a Deus é como é e o definitivo é relativo. Nem a morte, para muitas religiões, significa o fim. É apenas uma mudança, onde o que era deixa de ser em benefício de outro momento que nós não sabemos qual é, mas acreditamos que exista.
Tanto é assim que ainda temos paineiras insistindo em florir e quaresmeiras adiantadas, se abrindo antes da hora, independentemente dos ipês roxos serem os donos da bola e os ipês amarelos já estarem preparando seu campo.
É assim porque é assim e a regra vale para todo o universo. Quem acha que as estrelas são as donas do pedaço, é sempre bom lembrar que o negócio dos buracos negros é engolir estrelas e que tem buraco negro que engole buraco negro. Então, nessa briga de foice, quem pode, pode; quem não pode, se sacode. Como diz o velho ditado de beira de cais: o peixe grande só é menor para outro maior.
O resultado disso é que o Japão invadiu a USP. As quatro ou cinco cerejeiras plantadas em frente ao Instituto Japonês decidiram entrar na briga e estão florindo, mais ou menos anarquicamente, em desrespeito às boas práticas nipônicas.
Não sei se é porque elas se abrasileiraram, mas o fato concreto é que a florada não é homogênea. Tem árvore mais florida, outra menos florida e outra sem flor nenhuma.
Mas isso tanto faz, o importante é que elas estão no jogo.
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