O novo Plano Diretor
Nelson Rodrigues dizia que a unanimidade é burra. Pode ser, pode não ser, o fato é que São Paulo vai viver sob as regras de um Plano Diretor que não é unanimidade e que, com certeza, tem muito de verdade na posição dos que são contra.
Tanto faz, contra ou a favor, a Câmara Municipal decide e toca em frente, mexendo com a vida de milhões de pessoas que serão de alguma forma afetadas pelas novas regras aplicáveis à cidade.
O dado novo é que querem que São Paulo cresça para cima, que a cidade se adense em enormes torres, em alguns lugares inclusive sem limite de altura.
Tem quem diga que faz sentido, tem quem diga que não faz. Tem quem diga que, da forma que está, o Plano Diretor vai permitir a deterioração de áreas verdes e bairros residenciais. Provavelmente, vai. Afinal, a nova regra permite a construção de gigantes de concreto em áreas residenciais próximas das estações de trem e metrô.
Que vai ficar complicado, ninguém tem dúvida. Afinal, essas áreas não têm a infraestrutura necessária para abrigar grandes edifícios de condomínio, com centenas de unidades, a serem ocupadas por milhares de pessoas que, na prática, tocarão boa parte de suas vidas de forma bem diferente da teoria.
Uma coisa é boa intenção, outra é o que acontece depois que a boa intenção não dá certo. Como consertar o que está estragado e não tem mais jeito de dar jeito? Pois é, vivemos isso há mais de um século e não aprendemos.
Ou melhor, aprender aprendemos. O problema é que, onde tem grana, tem complicação, mas isso é problema dos outros. “Eu só quero ganhar o meu, ainda que não fazendo de acordo com o livro”.
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