Os gigantes venceram

Andar por São Paulo é uma aula viva de urbanismo. A cidade passa por uma profunda revolução, feita mais pelos interesses envolvidos do que por planos pormenorizados da utilização do espaço urbano.

Em todos os lados, ou quase em todos os lados, a cidade se modifica, muda de cara, abandona o resto de jeito de cidade de interior, sobe, feito uma Babel alucinada, atrás da presença de Deus, escondido atrás das nuvens mais altas.

Em cada momento, da vila meio taba indígena, da corrutela de boca de sertão com janelas de gelosias, do começo da primeira mudança, com os primeiros bairros planejados, dos primeiros prédios no Centro Velho, passando pelas mudanças alucinantes das décadas seguintes, São Paulo sempre foi em frente, pouco se importando com o que veio antes. A cidade não para. Se espalha, corre, diminui, corre de novo, seguindo sempre um caminho inesperado, muito além da vontade dos planejadores.

Os edifícios das décadas passadas estão dando lugar a construções novas, muito maiores no tamanho do empreendimento, mas, na média, menores nas unidades.

Quarteirões com vários imóveis estão dando lugar a dois ou três prédios gigantescos, com quadras, piscinas, churrasqueiras e até casas de campo, que eu confesso que não consigo imaginar como sejam…

Os enormes arranha-céus ficam sós por pouco tempo. Quase que imediatamente após começarem a subir, outros chegam e entram de sola, como que desafiando o que chegou primeiro a mostrar que é o maior e o melhor. E a briga é de gente grande, de leão marinho defendendo o harém.

A cidade que vai surgir ainda é uma incógnita, mas os prédios, além de grandes e altos, são maravilhosos. Se o trânsito vai piorar – e é uma hipótese razoável – tanto faz. A cidade vai ficar mais bonita.