Aracy Balabanian

Não posso dizer que tenha sido amigo dela, mas conheci e conversei muito com Aracy Balabanian, principalmente no restaurante que Sergio Mamberti teve na Rua Peixoto Gomide, em frente ao parque Trianon.

Era um lugar delicioso, quente, acolhedor e bom pra bater papo. Foi lá que, conversando sobre a Escola de Arte Dramática, criada por meu tio Alfredo Mesquita, eu fiquei sabendo que ela tinha feito Lady Macbeth, contracenando com meu tio Paulo Mendonça no papel do príncipe. Não vou me esquecer de como rimos muito quando ela disse que ele tinha sido o melhor e mais bonito Macbeth que ela tinha visto na vida. Contei para ela que a espada do príncipe tinha sido fabricada na usina de meu pai e que por conta disso, ele tinha feito mais duas, mais leves, para mim e para meu primo Fernão.

Aracy Balabanian era uma mulher encantadora. Tinha um sorriso gostoso, olhos quentes e gostava de conversar. Ficar de noite jogando conversa fora com ela e com o Serginho era muito bom e eu aprendi muito sobre o teatro brasileiro escutando os dois grandes atores falarem de suas vidas no palco, das peças em que trabalharam e dos outros atores e atrizes com quem conviveram. Depois, me contavam as histórias da televisão, onde ambos tiveram grandes papeis nas novelas da Tupy e da Globo.

A morte de Aracy Balabanian entristece o teatro brasileiro. Ela foi com certeza uma das grandes atrizes da sua geração. Geração que se formou, em parte, na Escola de Arte Dramática, onde ela e Sérgio Mamberti foram alunos, com Juca de Oliveira, Glória Menezes e tantos outros, que tiveram papel importante na consolidação do teatro profissional em São Paulo.

Aracy tinha talento e técnica de sobra e sabia usar suas origens familiares para criar personagens como D. Armênia, um marco da televisão. 

Gente como ela é farol iluminando a rota dos que vem depois.

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