Descompasso
Eu sinto que há um descompasso terrível interferindo na vida de São Paulo. Descompassos são sempre movimentos negativos, que devem ser rapidamente corrigidos para evitar estragos de grande monta.
Então, alguém tem que fazer alguma coisa, muito embora tenha muito pouco que possa ser feito, pelo menos na toada que a segurança pública segue em frente.
A questão não é atacar a polícia pelos eventos no Guarujá. Como já foi dito e repetido, o papel da polícia é manter a ordem pública quando ela é desafiada. Por isso, tem o poder legal de reagir e empregar a força quando se fizer necessário. Lá, é esperar as apurações dos fatos e, se tiver culpados ou excessos, então aplicar a lei nos casos pertinentes.
O drama desta crônica é mais prosaico, mas não menos terrível, até porque tem gente sendo baleada por menos do que um celular velho. O roubo de celulares adquiriu um tom completamente fora de proporção. Não tem sentido empregar a violência que os ladrões têm empregado para roubar um celular de uma senhora ou de um idoso que dificilmente irão reagir. Da mesma forma, não tem sentido atirarem contra motoristas que já entregaram tudo, apenas pela perversidade de atirar.
Está tudo errado e a polícia tem que fazer alguma coisa, com base na inteligência operacional, para conter essa onda fora da curva. Uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa. O que nós estamos vivendo não tem nada com diferença de classe ou com a injustiça do mundo. Tem com crueldade gratuita. Com perversidade.
A cidade não pode seguir refém desse estado de coisas. Está insuportável para o cidadão e péssimo para os negócios. Que o digam os comerciantes do Centro, que já foram referência nacional e hoje ficam na porta de suas lojas vendo as ruas vazias.
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