Parques e praças
[Crônica de 22 de novembro de 2013]
Ninguém discute que o Ibirapuera é um parque, e grande. Ninguém discute que o Trianon é um parque, não tão grande. Ninguém discute que o Alfredo Volpi também é um parque, com mata mais fechada.
São Paulo tem parques, tem praças e tem áreas que não são nem uma coisa, nem outra, mas que são promovidas a parques e praças.
Algumas são meros triângulos feitos com “gelo de baiano” em volta de um semáforo ou para limitar o acesso de uma rua. Quer dizer, não ocupam 20 metros quadrados, mas lá está a placa: Praça XPTO.
Também tem o caso das praças que ficaram mais velhas e por isso foram promovidas. Não que a idade seja motivo para a promoção. Se não preencher os requisitos, não pode ser promovido, ou não poderia, já que no Brasil, e São Paulo está no Brasil, as coisas não funcionam bem assim.
É o caso da Praça Buenos Aires. Durante décadas ela foi praça. Praça Buenos Aires. Era assim, quando meu pai, na década de 1920, brincava nela. Quando, nas décadas de 1930 e 1940, foi fotografada como cartão postal, na década de 1950, quando eu brincava lá; e depois, por outras décadas, quando eu passava por ela pelas mais variadas razões.
Um belo dia, apesar da placa de rua ter escrito Praça Buenos Aires, ela foi promovida a parque. Parque Buenos Aires. Um quarteirão exato, o mesmo tamanho de sempre, nem um metro a mais, mas Parque Buenos Aires.
As interpretações variam. Poderia ser vontade de homenagear a Capital do país vizinho. Alguém me disse que poderia ser uma homenagem para o namorado de uma autoridade da época. Enfim, poderia ser muita coisa. Tanto faz, antes de tudo foi falta de respeito com os marcos que balizam a história e a locomoção pela cidade.
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