Novos semáforos inteligentes
Muitos anos atrás, a CET instalou semáforos inteligentes na cidade de São Paulo. Agora ela está fazendo a mesma coisa, de novo. O problema com os semáforos inteligentes é acontecer o que aconteceu na primeira vez. Os semáforos eram mais inteligentes do que os operadores, então, o que era para ser bom não ficou tão bom.
Assim que descobriram que eram mais inteligentes do que os técnicos encarregados do seu funcionamento, os semáforos inteligentes pararam de obedecer os comandos e o resultado é que continuou tudo como sempre foi porque, por incrível que pareça, existe solidariedade de classe entre os semáforos e os semáforos inteligentes não aceitaram o menosprezo com que trataram os semáforos pouco inteligentes, os que existiam antes e que passaram a ser subestimados porque os novos semáforos eram mais inteligentes do que eles.
Os velhos semáforos inteligentes sabem que os novos semáforos inteligentes vão fazer o que eles fizeram e não vão aceitar os comandos dos encarregados do seu funcionamento. A não ser que os antigos semáforos, que não são mais tão inteligentes, que não usam internet nem conhecem as redes sociais, sejam aposentados com dignidade, numa casa de repouso para semáforos, com todos os confortos e vantagens da vida moderna. Uma casa de repouso no padrão das casas de repouso para semáforos noruegueses. Nem mais, nem menos.
Ao mesmo tempo, nos primeiros três meses, os novos semáforos inteligentes darão um show de eficiência e se mostrarão indispensáveis para a cidade. Este é o pulo do gato. A hora que ficarem indispensáveis, eles começam a parte B do plano. Pipocam, ligam e desligam, levam os técnicos à loucura e chantageiam a CET. Ninguém sabe o que eles irão pedir, mas com certeza para o trânsito seguir fluindo, será bem caro.
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