Caminhando pelo Centro

Valha-me Santo Ambrósio da Caneca Pequena, caminhar pelo Centro é complicado! Quanto mais para o Centro, mais complicado. Até chegar na região da Rua São Bento, quando fica muito complicado, quase tão complicado como na Praça da Sé. Tá tudo errado! Não é para se ter tanta gente tão acabada nas ruas do Centro de uma cidade como São Paulo.

No entanto, elas estão lá. E o lá é muito mais triste do que o Largo do Arouche, onde de noite, além de tudo, fica muito perigoso. Quem conheceu a Rua 7 de Abril vinte e poucos anos atrás sabe o que eu estou falando. E quem conheceu antes sabe mais ainda. A rua 7 de Abril, a Barão de Itapetininga, a Marconi eram todas ruas importantes, com empresas importantes instaladas nos prédios em volta. E a Praça D. José Gaspar era imponente, com seu gramado, sua biblioteca e os engraxates em fila.

Agora não é bem assim. Ao contrário, dá um certo medo sair do metrô na Praça da República, atravessar a Avenida Ipiranga e entrar nelas, tanto faz qual.

O Centro está sujo, abandonado, com pessoas enroladas em cobertores velhos deitadas no chão, embaixo das marquises dos prédios, indiferentes à pouca vida que atravessa em volta.

Dá medo atravessar o pedaço. Aliás, as pessoas que andam por lá seguem rápidas, muito poucas com o celular na mão, porque celular na mão é quase certeza de assalto, quando não tem polícia perto.

Nesse dia, como a greve comia solta pela cidade, tinha polícia no Centro, tanto do lado de cá, como de lá do Viaduto do Chá. Se não tivesse, caminhar entre a Praça da República a Praça do Patriarca poderia ser uma aventura com final incerto.

É triste ver o Centro da cidade deteriorado, abandonado, sujo e perigoso. Quem sabe um dia ele volte a ser um lugar bonito…

___
Siga nosso podcast para receber minhas crônicas diariamente. Disponível nas principais plataformas: Spotify, Google Podcast e outras.

Crônicas da Cidade vai ao ar de segunda a sexta na Rádio Eldorado às 5h55, 9h30 e 20h.