A velocidade era 80 Km/h
[Crônica de 14 de janeiro de 2014]
Quando eu era menino, a Via Anchieta era supermoderna. As estradas que desciam para Santos eram ela e o Caminho do Mar, uma estrada linda, mas perigosa, hoje fechada para o tráfego.
Os carros estavam longe dos possantes e modernos modelos atuais. Além dos importados da década de 1950, o que se via eram Fuscas, Kombis, DKWs, Aero Willis, Simcas e Rurais, nenhum muito moderno, até mesmo em relação ao que se fazia na época.
Era o começo da indústria automobilística nacional. A fábrica da Volks na Via Anchieta brilhava de nova e a Mercedes e a Ford, as duas antes da Volks, não ficavam atrás.
A viagem para Santos era impressionante. Os túneis e as paisagens da estrada eram deslumbrantes e a Baixada, como um imenso labirinto, nos dias de sol, surgia como a antessala do paraíso, representado por Santos e São Vicente encostadas no mar.
O drama era ter que viajar ouvindo “Audição de Música Lírica”, programa de ópera nos 700 quilohertz da então Rádio Eldorado, hoje, Rádio Estadão. Mas fazer o quê, a música era essa, então, boa música pra você, ainda que sendo ópera, um som estranho para qualquer menino.
Carro não tinha ABS, não sabia o que era Airbag. Freio era a tambor nas quatro rodas e volta e meia ferviam na viagem de volta. Problema que não afligia os Volks e Kombis, refrigerados a ar.
O curioso é que a velocidade, mesmo sem qualquer sofisticação na segurança, pneu fino, pouca estabilidade e breque ruim, era de 80 km/h e todo mundo ia muito bem. Hoje, com toda a tecnologia aplicada, a Anchieta tem trechos em que a velocidade máxima é 50 km/h. A pergunta que fica é o que mudou? Ou será que é só vontade de multar mais?
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