Ói nóis aqui ‘tra vez
“Você pensa que nóis fumo embora, nóis enganemo oces; nóis fumo, mas vortemo, ói nóis aqui ‘tra vez.”
A música brasileira tem pérolas maravilhosas como essa ou como “tu pisavas os astros distraída, sem saber que a ventura desta vida é a cabrocha, o luar e o violão.”
Como o Maestro Júlio Medaglia mostrou no podcast “No ritmo da vida”, somos um dos países com maior variedade musical do mundo. E isso é fruto das raízes portuguesas e africanas que estão na base de nossa história.
Mas isso não tem nada a ver com o tema da crônica. Então, por que usar esses argumentos? A reposta é simples: as jabuticabas de uma jabuticabeira plantada na minha casa foram embora no final da safra e, menos de quinze dias depois, voltaram, carregaram a árvore, amadureceram – eu me empanturrei comendo jabuticaba no pé – e agora foram embora, ao que parece, de vez.
O Presidente Lula contava que tinha uma jabuticabeira que dava mais de uma safra por ano. Tenho a impressão de que isso não faz mais muita vantagem em cima das outras.
Pelo que estou entendendo, dependendo do tipo da jabuticaba, todas as árvores da espécie estão carregando várias vezes por ano, o que tira a vantagem da jabuticabeira presidencial.
Não faço a menor ideia das razões que levaram essas jabuticabeiras a quebrarem um antigo mantra frutífero “árvore dá fruta uma vez por ano.” Não é mais verdade. Tem jabuticabeira que dá duas ou três cargas.
Tem quem diga que é inveja das plantações de grãos, que dão duas ou três safras por ano. Pode ser, como pode não ser. Como já disse, não tenho ideia do porquê. O que eu sei é que as jabuticabeiras carregando mais vezes eu como mais jabuticabas e isso é muito bom.
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