Tem responsabilidade, sim
É claro que vão dizer que as tempestades são mais fortes e que não tem jeito de impedi-las. É verdade, ninguém, exceto São Pedro ou uma divindade superior, tem capacidade para amainar as tempestades.
Aliás, ninguém tem a pretensão de caminhar por essa senda. Não é por aí que a porca torce o rabo. A questão é mais simples e passa pela responsabilidade civil objetiva dos responsáveis pelo funcionamento da rede e pela distribuição de energia elétrica, que ficou comprometida por mais de quatro dias em boa parte da região metropolitana de São Paulo.
A tempestade foi violenta. Caiu sobre uma grande área do Estado de São Paulo de forma brutal e impiedosa. Cobrou seu preço em vidas e destruiu o que podia e o que não podia, começando por derrubar algumas centenas de árvores de todos os tipos e tamanhos, o que agravou mais o quadro porque parte delas caiu em cima da rede de distribuição de energia.
Só que não é possível dizer que foi um fenômeno inesperado. Não foi. Ano a ano as tempestades têm caído sem muito critério dentro do calendário e aumentado de intensidade. Na base estão as mudanças climáticas. Não é razoável esperar que as autoridades e os agentes responsáveis pela segurança, funcionamento e distribuição de serviços públicos não tenham estudos acurados sobre o que acontece com o clima.
Além disso, faz algum tempo que as tempestades estão se espalhando pelo Brasil, começando no Rio Grande do Sul, onde aconteceu o primeiro fenômeno de vulto, passando por Santa Catarina e Paraná, severamente atingidos por elas, para chegar em São Paulo e, agora, já estarem seguindo em frente, rumo a outras regiões.
Quer dizer, não tem como dizer que não. A responsabilidade civil dos agentes responsáveis pelos prejuízos é indiscutível. Cabe às vítimas reclamarem seus direitos.
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