As árvores caem
Caem as muralhas de Jericó, o Império Romano, o céu na cabeça dos gauleses e por aí a fora. Cai porque cai, muitas vezes por fatalidade, outras porque alguém derruba. O fato é que cai. E caem até os deuses! Que o diga Wagner, com sua ópera impressionante “O Crepúsculo dos Deuses”.
Mas há quedas mais prosaicas. Pessoas caem de escadas, caem nas calçadas, caem das cadeiras. A queda é um dos principais riscos da terceira idade. Os hospitais sabem disso. Por isso colocam uma pulseira no pulso deles, escrito “risco de queda”.
Faz parte da vida. Que o diga a queda da Bastilha, que deu início à Revolução Francesa, ou a cabeça de Ana Bolena, cortada por ordem de Henrique VIII.
No dia a dia, cai a Bolsa, a inflação e o desemprego. Também pode acontecer o contrário e subir a Bolsa, a inflação e o desemprego. Vicissitudes da vida, a que todos estamos sujeitos, como o Santos, ameaçado de queda para a segunda divisão.
Se tem tanta queda, por que não cairiam as árvores? Elas também são filhas de Deus, têm todo o direito de caírem, até porque faz parte do plano da natureza a queda das árvores para adubar o chão das florestas.
Mas se as árvores caem naturalmente, também caem por ação ou omissão humana. É o caso das árvores da cidade de São Paulo que, quando caem, causam tantos estragos. Algumas têm prazo de validade, como acontece com os eucaliptos e os flamboyants. São árvores de vida breve, então caem cedo. Outras caem porque ficaram velhas e tem as que caem porque não recebem os cuidados necessários e são tomadas por brocas e cupins ou têm as raízes cimentadas.
Tanto faz a causa, o certo é que as árvores continuarão caindo. E as quedas devem se intensificar com a força das tempestades de verão.
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