Vale a pena ver

[Crônica de 30 de julho de 2001]

Quem não foi, precisa ir. O espetáculo é maravilhoso e merece ser visto. Além da viagem em si, a montagem é uma viagem fantástica pra dentro da gente, de nossas origens, tão boas e tão belas quanto as melhores do mundo.

Os Lusíadas é uma festa para os olhos e para o coração. Bate forte no mais fundo do peito e arranca sentimentos bons, mesmo as cadeiras não sendo as mais confortáveis.

Baseado no poema de Camões, o espetáculo narra a viagem inacreditável de Vasco da Gama, abrindo para Portugal os segredos do oriente e a riqueza das especiarias.

Montado no Centro Cultural, ao lado da Sala São Paulo, o programa começa antes, com a arquitetura deslumbrante da antiga estação de trem, para prosseguir na peça em si.

Montado em cima de uma cenografia que não fica devendo nada ao mais bonito que é feito no gênero, e com uma coreografia riquíssima, que, como os antigos coros gregos, fala com os heróis e interage com a história, os Lusíadas é grandioso, sem ser pretensioso. É rico, sem ser cafona. É poético, mesmo sendo um espetáculo rude, como era rude o grande Almirante do Mar Oceano que tirou as Índias das brumas para inseri-la no cotidiano da Europa.

Cruzando mares para além de toda distância, levando as naus por um cenário encantado, navegando uma história mágica, Os Lusíadas, apoiado na competência de uma equipe engrenada, narra, tendo de um lado Camões e Vasco da Gama, e de outro Baco, o Deus grego que faz o impossível para barrar o avanço português, a saga incrível das tripulações das três naus lusitanas, na sua missão de alcançar a Índia e negociar com os Semorim contratos exclusivos para Portugal.

É uma montagem eficiente e moderna que mistura a emoção de nossas origens com o que pode ser feito de mais bonito em espetáculo. Por isso, precisa ser visto.
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