Os filhotões
No final do ano passado, meus netos salvaram dois filhotes de sabiá que caíram do ninho e corriam o risco de serem mortos pela Clotilde. Foi uma operação complicada e que exigiu mais de uma vez recolocarem os pássaros no ninho, feito embaixo do telhado do portão.
Eles descobriram os passarinhos caídos e pegá-los foi uma correria pelo jardim, com as avezinhas se escondendo atrás das plantas e tentando fugir, com medo da ameaça do desconhecido, representada pelos meninos querendo salvá-los.
No final, deu certo e os dois sabiás não só foram salvos, como cresceram e agora os dois filhotões pulam pelo jardim, atrás de insetos.
Ao contrário dos pais, eles ainda não têm coragem de atacar a tigela de comida da Clotilde. E é muito bom que não o façam, pelo menos até terem a capacidade de voarem rapidamente, o que, neste momento, eles não têm.
É bonito ver a evolução da vida, acompanhar as aves crescendo e se aventurando cada dia mais, no início da sua caminhada por este mundo.
Eles já não dependem dos pais, ao contrário, as aves grandes não prestam a menor atenção nos filhotões. São autônomos e compete a cada um deles dar conta da sua jornada.
Os pais estão convencidos que fizeram sua parte. Então, daqui pra frente, cada um que cuide de si. Eles não moverão uma palha para alimentar ou proteger os filhotes.
É a vida em sua maravilhosa evolução acontecendo no jardim da minha casa, transformado em microcosmos, onde dois filhotes de sabiá vão crescendo, mais ou menos protegidos dos perigos do mundo. Ainda bem que é assim. Se alguns não dão conta da caminhada, outros têm mais sorte, sobrevivem e garantem a preservação da espécie.
___
Siga nosso podcast para receber minhas crônicas diariamente. Disponível nas principais plataformas: Spotify, Google Podcast e outras.
Crônicas da Cidade vai ao ar de segunda a sexta na Rádio Eldorado às 5h55, 9h30 e 20h.