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A dengue vem aí

[Crônica de 19 de novembro de 2002]

No verão do ano passado quem se divertiu de verdade foi o mosquito da dengue. O bom e velho Aedes aegypti, que fez a festa pelo Brasil inteiro, mas caprichou mesmo foi no Rio de Janeiro.

O triste, evidentemente que do nosso ponto de vista, é que este ano o mosquitinho deve dar bis, caprichando ainda mais, mas não só no Rio de Janeiro, que a gente já sabe que não fez a lição de casa como deveria ter feito, mas no resto do país também, inclusive em São Paulo, onde, dizem, mas não provam, parece que o mosquito não gosta muito de morar.

Na medida que o mosquito é um mosquito meio aparentado com o pernilongo, e, na medida que os pernilongos tomaram conta de uma imensa área de São Paulo, fica difícil acreditar que o Aedes não virá para cá, ainda mais sabendo do sucesso dos primos nos meses que não deveriam fazer sucesso nenhum.

Para piorar o quadro, as várzeas do rio Pinheiros, nos meses de chuva, se transformam em criatórios naturais, com água limpa empossada nos terrenos baldios e nas próprias ruas, onde ela teima em ficar escorrendo devagar para os bueiros, até quando não estão entupidos.

É um cenário duro, triste e caro. 

Duro porque muita gente vai pagar o pato, pagando dengue.

Triste porque toda doença é triste e quando vira epidemia, fica mais triste ainda. 

E caro porque se toda doença custa caro para o Estado, as epidemias custam mais caro ainda, pela frequência dos casos, pela superlotação dos hospitais e postos de saúde, pela propagação do mal pela sociedade, pelos riscos da epidemia se transformar em endemia e aí atracar para sempre nas margens dos rios, complicando muito a forma combater seus efeitos, com a agravante de que a dengue, no segundo estágio, se transforma em hemorrágica, e aí mata muito mais.
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Crônicas da Cidade vai ao ar de segunda a sexta na Rádio Eldorado às 5h55, 9h30 e 20h.

Antonio Penteado Mendonça

Advogado, formado pela Faculdade de Direito Largo São Francisco, com pós-graduação na Alemanha e na Fundação Getulio Vargas (FGV). Provedor da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo (2017/2020), atual Irmão Mesário da Irmandade, ex-presidente e atual 1º secretário da Academia Paulista de Letras, professor da FIA-FEA e do GV-PEC, palestrante, assessor e consultor em seguros.