Dengue
[Crônica de 14 de novembro de 2007]
Pasme. A dengue chega este ano com a força de uma grande epidemia. Já são quase meio milhão de casos e a tendência é manter a toada, com a dengue hemorrágica ganhando espaço e matando gente.
Como ela escapou do controle das autoridades da saúde é um mistério mais ou menos fácil de ser explicado. O começo de tudo é o despreparo, depois a incompetência e a falta de uma auditoria capaz de detectar os problemas no combate à doença.
Agora é tarde. Inês é morta. O barco faz água por todas as tábuas e os ratos começam a abandonar o navio como medo do mosquito e de suas consequências.
Nos cemitérios há de haver um enorme reboliço. Vital Brasil e Oswaldo Cruz com certeza só não saíram de seus túmulos porque são construções sólidas, do começo do século passado, e os dois cientistas não conseguem mover a pedra ou a porta de saída.
Não fosse isso, estariam aqui fora, aos gritos, chamando a imprensa para denunciar o crime de lesa-pátria cometido contra a sociedade brasileira.
O “Aedes aegypti” é o mesmo mosquito que no início do século 20 foi combatido por eles, com enorme sucesso, limpando o Brasil da praga da febre amarela.
Agora os tais estão de volta, pegando todo mundo de calças curtas, e nos deixando sem saber muito bem para onde tocar o carro, porque a verdade é que há sempre um mosquito lhe esperando, não importa em que direção.
No resto, prepare-se. Pela forma como os pernilongos fizeram sua reentrada, a dengue ainda vai dar o que falar na cidade de São Paulo.
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