As espatódeas também dão flores
[Crônica de 15 de fevereiro de 2002]
A exuberância das azaleias é uma coisa única. A forma como florescem, enchendo sua copa com o roxo, o rosa ou o branco de suas flores é deslumbrante e faz a cidade se transformar numa imensa festa, onde quem sai ganhando é a população.
Dá prazer ver a florada das azaleias abrir o ano, colorindo a cidade pela primeira vez no novo ciclo que começa com a chegada do verão.
Mas as azaleias fazem mais do que florir e alegrar a cidade. Provavelmente sem maldade, porque se fosse de propósito seria covardia, elas acabam escondendo a florada de outras árvores, que também florescem no começo do ano.
É o caso das espatódeas, que também têm sua florada em janeiro e fevereiro, mas que, como são em menor número, mesmo dando o máximo, acabam encobertas pelas azaleias, que, inclusive, concorrem entre si, para ver qual a mais florida, ou a mais colorida.
As espatódeas são árvores maiores do que as azaleias, muito mais bonitas e imponentes, mas são menos famosas e menos conhecidas, por isso muita gente as vê, mas não sabe quem são, mesmo com suas flores vermelhas chamando atenção e gritando para quem passa, “olha a gente aqui”.
As espatódeas são árvores, enquanto as azaleias, pelo porte, podem ser chamadas de arbustos grandes ou de arvorezinhas. Mas se as espatódeas são maiores, as azaleias ganham pelo número e isso faz a diferença, além do que as espatódeas, ainda que tendo uma florada intensa e carregada, não são histéricas como as azaleias, portanto não ficam tão cobertas de flores como elas.
As flores das espatódeas são vermelhas quase tão densas quanto a dos flamboyants. E, lá no alto dos galhos das árvores adultas, são mais um ponto de cor para alegrar a cidade no retorno do caos.
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