A polarização é imbecil
A polarização atingiu um tal patamar que até os atos absolutamente fora do nosso controle, os chamados “atos de Deus”, são atribuídos a um lado ou ao outro, dependendo de quem faz a acusação.
Se o Brasil tivesse o sistema de proteção contra inundação da Holanda e acontecesse o que aconteceu, o sistema não serviria para nada. Seria simplesmente desmantelado pela força das águas. É preciso dizer que, ao invocar o sistema holandês, que merece todo o respeito, estou no campo das hipóteses, porque ninguém sabe o que aconteceria se um dique se rompesse e a água invadisse as terras baixas daquele país.
De qualquer forma, tenho pouca certeza de que o sistema holandês dessa conta do estrago. Quem sabe minimizasse os danos num ou noutro ponto, mas no todo não teria muita relevância. Que o diga o acidente de Fukushima, no Japão. Ou os estragos dos furacões nos Estados Unidos. Ou o terremoto de Áquila, na Itália. Quando a natureza pega, não há o que fazer. Ela é infinitamente mais forte, além de ser imprevisível. Então é entregar para Deus e rezar para ele ter misericórdia, porque há muito pouco a ser feito para conter os danos.
O que aconteceu no Rio Grande do Sul aconteceu em função da soma de uma série de fatores, todos fora do controle das autoridades brasileiras, para o bem ou para o mal. Aliás, foi a terceira pancada sofrida pelo Estado em menos de um ano, uma mais forte do que a outra, até chegar nesta, que superou as outras duas juntas.
Ninguém pode ser culpado pelo que aconteceu. Pretender culpar alguém é estúpido. Agora é minimizar os estragos, reconstruir o destruído, e criar uma política séria de enfrentamento de catástrofes climáticas. Elas seguirão crescendo em número e intensidade e continuarão fora de nosso controle. Mas existem medidas que podem ser eficientes contra elas.
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